Transcrição abaixo:

Independente do seu trabalho, é bem possível que a prática da sua atuação, tenha te fornecido uma experiência que alterou o modo de enxergar a profissão, o mundo, as pessoas e a vida. Fugindo um pouco da questão filosófica do trabalho… a prática sempre contrasta a teoria e nossa experiências sempre ajudam no desenvolvimento de nossa personalidade, visão de mundo e comportamentos futuros. Apesar de não ter décadas de trabalho em minha área, tive grandes aprendizados. Então, quero compartilhar aqui com você 7 coisas que aprendi sendo psicólogo.

Seja você estudante de psicologia, psicólogo, estudante de qualquer outra área ou pratica outra profissão, esse vídeo pode ser bacana para você refletir sobre o que você pode encontrar também na sua profissão, na vida e te fazer pensar no que você aprendeu durante os seus anos de atuação. 


Todo mundo é Inseguro

A primeira coisa que eu acho que aprendi depois de ter contato aí com centenas de pessoas, seja pelo consultório, seja pelo youtube ou instagram, é que todo mundo é inseguro. A insegurança está presente em todas as pessoas e a busca por segurança é um comportamento geral. O problema é quando essa busca por segurança falha ou é disfuncional. Se essas coisas acontecem, a insegurança atrapalha alguma área de sua vida ou te causa transtornos mentais significativos.

Temos então insegurança da nossa aparência, onde podemos exagerar nas roupas e outros apetrechos para tentar alcançar a aceitação dos outros e nos sentirmos melhor. Se temos insegurança sobre nossa capacidade de fazer algo, podemos desenvolver comportamentos perfeccionistas para que não descubram nossa “incapacidade” ou para que ela não fique aparente para gente.

Podemos ter insegurança também de achar que não conseguimos suportar uma situação ou dor, podemos então evitar uma determinada situação, buscar distração social constante como festas todo dia ou fazer uso de álcool, ou outras drogas.

Além dessas que eu citei, existem diversas outras inseguranças que aparecem através de nossos pensamentos disfuncionais e que sentimos a necessidade de lidar com elas com nossos comportamentos. Na maioria das vezes, comportamentos que mantém o problema ou pioram ele.

Essa informação é importante justamente para saber que por mais confiante que uma pessoa pareça ou por mais superior que ela queira se passar, alguma insegurança ela possui. Seu comportamento de superioridade pode ser apenas um comportamento de segurança.


Todos possuímos um lado sombra

A segunda coisa que consigo pensar aqui que eu aprendi nesses anos é a que TODO mundo possui um lado sombrio. Todos nós temos o potencial para o lado negro da força. Tudo que é necessário é um dia ruim, uma falta de reflexão dos pensamentos e avaliação dos pensamentos disfuncionais e da falta de sabermos do que somos capazes.

Nada na vida é preto e branco. Quando somos crianças ou quando não amadurecemos quando adultos, pensamos de maneira absolutista, como se tudo fosse preto e branco. Como se uma pessoa boa fosse 100% boa e uma pessoa ruim fosse 100% ruim. Isso está bem longe da realidade. Nós vivemos em um mundo, na realidade, cinza. Podemos ter pessoas que são bons pais, mas péssimos maridos. Bons maridos, mas péssimos políticos.

Ninguém é 100% Bom. Todos nós possuímos um lado sombrio, todos nós temos a capacidade de sermos monstros e reconhecer isso, ajuda na evitação de ditadores que destroem o outro, destroem o diferente, achando que estão fazendo o bem para o mundo.

Reconheça então o seu potencial para a maldade, o seu monstro interno e se policie para que ele não te confunda na hora de tomar decisões. Se achar completamente bom, pode te cegar e, como eu disse, te tornar um ser terrível que faz o mal dizendo que é em busca do bem.


Todo mundo possui pensamentos obsessivos

Outra coisa muito importante que aprendi em minha profissão é que todos possuem pensamentos obsessivos. Na realidade, as pesquisas falam que mais de 90% das pessoas possuem pensamentos obsessivos. O que se questiona é se os outros 10%, na realidade, estão mentindo ao falar que não possuem esses pensamentos.

Pensamentos obsessivos são pensamentos que aparecem em nossa mente que podem nos causar algum sofrimento e que nos mostram impulsos ou acontecimentos terríveis. Podemos imaginar que estamos pulando de uma sacada, alguém que gostamos morrendo, causando um dano físico ou até matando alguém. 

Mas se todos nós temos pensamentos obsessivos, o que diferencia pessoas com diagnóstico de pensamentos obsessivos ou de Transtorno Obsessivo Compulsivo?

Basicamente a importância que as pessoas dão para o pensamento. A maioria das pessoas, possuem esses pensamentos e simplesmente os ignoram. Colocam em uma lixeirinha alí na mente e seguem com sua vida. Pessoas com transtorno se deixam levar pelos pensamentos, sofrendo de maneira significativa e tendo comportamentos, no caso do TOC, para tentar impedir que esses pensamentos aconteçam ou tentar fazer com eles vão embora.

Esse conhecimento foi importante tanto para a vida, para saber que todos nós somos mais parecidos do que imaginamos e, para psicoeducar meus pacientes. Saber que eles não estão enlouquecendo ou que não estão sozinhos, é uma parte muito importante no tratamento.


Se esforçar para o que você quer não é garantia de nada

A quarta coisa que aprendi aqui é que aquela coisa de que se você se esforçar você vai conseguir, que só depende de você e tudo mais, é balela. Seja por meu próprio trabalho, seja observando e ajudando pacientes com suas dificuldades, é muito frustrante descobrir que no fim das contas, não depende só de você e que muitas vezes, você não vai conseguir… nesses casos, não importa bulhufas o quanto de esforço fizer.

Mesmo assim, não sendo uma garantia, é a única coisa que temos para fazer. Se você não se esforçar, não vai conseguir. Se você se esforçar, pode não conseguir… mas pode. Na realidade, para as coisas darem certo para você, para que você alcance seus sonhos e tudo mais, 4 coisas precisam estar presentes. Em alguns casos, o peso para cada coisa pode ser diferente.

Essas quatro coisas, que eu chamo de CEPS, pensei nisso agora… nome ok… então você precisa de CEPS… o que seria o CEPS?  Capacidade, Esforço, Possibilidade e Sorte.

Se você não tiver a capacidade, seja física para determinado esporte, seja intelectual para determinado concurso, você não vai conseguir. Essa capacidade pode ser o limiar de inteligência ou coisas que você deveria ter aprendido no seu desenvolvimento e não aprendeu. Infelizmente, neste caso, não somos todos iguais e você pode sim ter uma limitação que te impeça de conseguir o que quer. Se você não tiver capacidade, você pode descobrir outra coisa que também te agrade, mas que se adéque as suas capacidades. 

Se você não tiver capacidade, não importa o esforço que você faça. Agora, se você tiver a capacidade, seu esforço te levará longe. Se você treinar, você pode se tornar o melhor atleta. Se você estudar, você pode ser o número 1. Mãssss para tudo isso, você precisa ter a possibilidade. Se você trabalha mais de 12 horas por dia, cuida da casa e de filhos, dificilmente conseguirá tempo para treinar para se tornar nadador profissional. Algumas pessoas conseguem ir além e criar possibilidades, estudando de madrugada, por exemplo, ou treinando a cada minuto que sobra e tudo mais.

Então, a possibilidade é de extrema importância, mas dependendo do caso, pode ser criada. Vai depender da sua Capacidade para ser criativo.

E por último, temos a sorte. Você pode ter os três primeiros todos alinhados. Ter toda capacidade do mundo, toda possibilidade para estudar e ter se esforçado o máximo que podemos considerar humanamente possível… se você não tiver sorte na hora da prova, não adianta.

Se estamos falando de uma vaga em um concurso, por exemplo, vamos supor que você e outra pessoa tiveram tudo igual. A mesma capacidade, possibilidades e esforço… se na prova cair uma questão a mais que ele possui mais facilidade e que você tem maior dificuldade, ele terá vantagem... e o que determina isso? Sorte.

Esse saber ajuda na hora de orientar os pacientes e também na hora de nos cobrarmos. Precisamos nos esforçar sim, mas temos que ser realistas.


Tudo Passa

A quinta coisa que eu aprendi durante meus estudos e atendimentos é que TUDO PASSA. Sabe aquela felicidade que você busca tanto e não vê a hora que aconteça? Vai passar. Sabe aquela dor que você teme sentir ao tirar o dente do siso? Vai passar.

Independente se estamos falando de algo positivo ou algo negativo em nossa vida, VAI PASSAR. Nosso corpo não possui capacidade para produzir respostas físicas à ansiedade por toda eternidade, uma hora, sua energia vai se esgotar. O tempo, por ser relativo, vai passar bem mais rápido quando você estiver lá envolvido com a pessoa que você gosta em um papo bacana… não tem jeito… você pode querer que aquele momento dure a eternidade… mas vai passar.

Ter essa consciência pode ser bom para que você aproveite ao máximo os bons momentos da sua vida e entenda que por pior que seja o que você está vivendo, aquilo vai passar.


Não temos certeza de nada

Uma das coisas que mais geram ansiedade nas pessoas e uma das características mais marcantes no transtorno de ansiedade generalizada é a nossa intolerância à incerteza. A incerteza faz com que a gente fique pensando em resultados absurdos e atrai os pensamentos mais catastróficos possíveis. Esses pensamentos, por sua vez, geram ainda mais ansiedade, que geram sofrimento e mais incerteza. Isso porque podemos passar a acreditar que nossa resposta emocional e física é uma evidência de que as coisas não irão bem.

Mas uma das coisas que aprendi nesses anos é que não temos certeza de nada. Por mais que você queria justificar sua impotência e falta de ação por não ter certeza que as coisas darão certo, isso não é muito válido. Querendo ou não, quando você sai de casa em um tempo um pouco mais fechado, você possui uma chande, pequena, mas possui, de ter um raio caindo na sua cabeça.

Quando você pega o carro todo dia para ir trabalhar, corre uma porcentagem de risco de sofrer um acidente, por maior cuidado que você tenha. Toda prova que você faz ou procedimento que você se submete, há uma probabilidade das coisas nãos airem da melhor maneira possível ou da maneira que você esperava.

E quando falamos de pessoas sem transtornos mais sérios como uma agorafobia, elas fazem diariamente coisas que não possuem certeza do resultado. Mesmo não tendo certeza, elas fazem mesmo assim.

Esse conhecimento, pode ajudar então a sabermos que a incerteza, não precisa e nem pode ser um fator que nos impeça de fazer algo. Vivemos com ela diariamente… mesmo sem saber. A única certeza que você terá é que se você não fizer nada, não conseguirá o que quer… e, como eu sempre digo: o arrependimento do que você não fez, é o pior tipo de arrependimento. É o que te perseguirá por toda vida e vai fazer você sofrer desnecessariamente.

Verdade!... Essa informação é um aprendizado bônus O arrependimento por coisas que não fazemos é o pior tipo de arrependimento. Você sempre se arrependerá, mas pode escolher se arrepender com o que causa menos arrependimento.


O desenvolvimento pessoal e individual é o caminho para um mundo melhor.

E a última coisa que eu aprendi com minha profissão é sobre a sua importância na formação de uma sociedade e um mundo melhor.

Muitas pessoas acreditam que para se mudar o mundo, precisamos colocar regras e mais regras e mais regras que impeçam as pessoas de falar tal coisa ou de se comportar daquela maneira. Na realidade, isso só gera ditaduras, raiva, ressentimento e, vinganças.

Na prática clínica, quando conseguimos desenvolver, junto com o paciente, uma maneira mais realista de lidar com seus pensamentos, ajudamos em seu desenvolvimento pessoal e na formação de uma maior tolerância do diferente e empatia pelos outros. E isso, ISSSO é a resposta para um mundo melhor.

Uma pessoa mais tolerante e empática, ajuda os outros, dissemina bons pensamentos e faz uso de comportamentos que contribuem para o bem-estar da sociedade. Como uma rede do bem, ela pode influenciar as pessoas mais próximas e como um contágio, ajudar que os outros sejam da mesma maneira.

Então, se você quer mudar o mundo… não pense no macro… pense no micro. Mude as PESSOAS. Mas mude as pessoas com reflexão, diálogo, tolerância e empatia.

Imposições, Punições e Censura… independente das ideias do indivíduo, não são o melhor caminho.

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